Bárbara Colen é a apresentadora da nova temporada do “Curta Vídeo” e “TV é Cinema”

15/07/2025 15h28 - Atualizado em 15/07/2025 17h06
Foto: Barbara Bragato
Atriz é conhecida por filmes, como “Bacurau” e “Aquarius”.

Os programas “Curta Vídeo” e “TV é Cinema” estão de volta à tela da TVE e quem vai apresentá-los será a atriz Bárbara Colen. A artista mineira é um dos nomes mais importantes do cinema nacional contemporâneo, sendo conhecida pela atuação em filmes como “Aquarius “e “Bacurau”, que conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2019. 

O “Curta Vídeo” é o programa mais tradicional sobre audiovisual capixaba e completa 30 anos em 2025. Surgiu na década de 1990, quando havia tanto um movimento de retomada do cinema nacional quanto de “aquecimento” do cinema no Estado. 

Os programas iniciam nova temporada este mês: o “Curta Vídeo” vai ao ar às quartas-feiras, a partir de 16 de julho, e o “TV é Cinema” é exibido às quintas-feiras, a partir do dia 17, ambos às 22 horas. 

A exibição é realizada no canal 2.1 da TV aberta no Espírito Santo e no canal da TVE no YouTube (https://www.youtube.com/@tveespiritosanto). 

Além de nova apresentadora, os programas chegam com algumas novidades. O “Curta Vídeo”, por exemplo, terá episódios filmados em galerias de arte, onde a cada edição Bárbara Colen entrevista uma personalidade do audiovisual. Entre os primeiros convidados estão a cineasta e videomaker Tati Rabelo, o pesquisador e cineasta Erly Vieira Junior e a professora e atriz de teatro Patricia Pichamone. 

Enquanto o foco do “Curta Vídeo” são as entrevistas com atores, realizadores e pesquisadores, entre outros profissionais, além de bastidores, o “TV é Cinema” se concentra na exibição dos filmes. Entrarão em cena curtas, médias e longas-metragens, que serão apresentados e comentados por Bárbara Colen em gravações realizadas no Cine Metrópolis. A curadoria é do pesquisador e realizador Gustavo Guilherme da Conceição.

O primeiro filme a ser exibido na reestreia do programa é “Toda noite estarei lá”, de Tati Franklin e Suellen Vasconcelos. O documentário acompanha a rotina de Mel Rosário, uma mulher trans que, impedida de frequentar uma igreja evangélica em Vitória, inicia uma jornada diária de protestos em frente ao templo, além de travar uma batalha judicial pelo seu direito à prática de sua fé e liberdade religiosa. 

Atriz de cinema, teatro e tv, Bárbara estreia como apresentadora 

Bárbara Colen acaba de protagonizar o filme “O Silêncio das Ostras”, de Marcos Pimentel, que está em cartaz nacionalmente. Além do cinema, Bárbara Colen tem experiência no teatro e na TV, em novelas. Essa será sua primeira experiência como apresentadora. Na entrevista a seguir, ela fala sobre as expectativas com o novo projeto, além de conversar um pouco sobre o cinema brasileiro. 

Quais suas expectativas e desafios na apresentação do “TV é Cinema” e “Curta Vídeo”? O “Curta Vídeo” é um dos programas mais tradicionais da TV capixaba sobre a produção audiovisual do Estado, completando 30 anos no ar em agosto. 

Um dos desafios era isso, fazer jus a esse programa que tem tanto tempo e tanta história e é tão importante para a memória do cinema capixaba. O ‘Curta Vídeo’ é um acervo, abarca cineastas que estão em diferentes fases da vida e do trabalho. Como eu nunca tinha sido entrevistadora, sempre tem esse receio, de acertar a linguagem. Mas eu amo pesquisar a vida e o trabalho de cada entrevistado, e poder fazer a imersão no mundo artístico de cada um me encanta! E depois, sair da pesquisa, que já é prazerosa, e ter um bate-papo com essa pessoa, pois não queremos entrevistas protocolares, mas uma boa conversa, é muito agradável. Eu sou muito conversadeira, gosto de conhecer pessoas, ouvi-las… É um interesse que é genuíno. Então, estou me achando nessa profissão de entrevistadora! (risos) E a gente está com uma equipe incrível: Roberto Burura, Márcia Gáudio, que está no programa há muito tempo, Marcelo Gomes, Braguinha, Thaís Aguirre… é uma equipe muito boa de estar perto e quando a gente tem esse prazer no convívio do trabalho é muito bom.

Como é a sua relação com o cinema capixaba? 

Eu já tinha uma relação de admiração, principalmente por meio do meu companheiro, o Vitor Graize, produtor de cinema, ele sempre me trouxe muita coisa do cinema capixaba, já tinha visto bastante coisa. Agora, com a experiência do ‘Curta Vídeo’, está sendo muito lindo, pois cada entrevistado é um mundo, uma filmografia. Para cada entrevista, tento ver todos os filmes que um cineasta fez, pois é uma forma de conhecer o trabalho como um todo. Então, estou tendo acesso a diferentes linguagens e entendendo o tanto que o cinema capixaba é rico e diverso em linguagens, formatos, gêneros, apesar de ser um estado pequeno. E isso é muito interessante. 

TV ou cinema? 

É difícil dizer… primeiro, porque eu não acho que eles sejam excludentes. Estamos em um momento em que se pode fazer de tudo. Cada linguagem tem suas delícias e seus desafios. A TV tem um outro ritmo, mas ela tem um outro alcance, e é muito interessante poder fazer um trabalho que chega a tanta gente, isso me encanta, falar para um público amplo, um público que é diverso, que não é restrito a uma bolha. Isso é imprescindível, ainda mais no Brasil. Acho que ser ator no Brasil é considerar a importância da TV na nossa formação, no nosso DNA. Mas acaba que até hoje eu fiz mais cinema. É um lugar que sinto mais como casa porque é onde mais tenho experiência. E gosto desse processo do cinema, que é mais curto, às vezes você tem três meses para fazer um filme, gosto dessa sensação de ficar imerso, acabar e depois ir para outra história.

Com qual diretor você sonha hoje filmar?

Tem alguns diretores e diretoras que eu tenho desejo de trabalhar, sabe? O Marcelo Gomes é um deles, sou muito fã das obras e da trajetória dele. O Walter Salles também, já ouvi coisas muito boas acerca da relação dele com os atores, principalmente. Eu acho que é um diretor que tem uma preocupação com os atores, com a mise en scène, que é muito bonita. Tenho muita vontade também de trabalhar com a Paula Gaetán; a gente vive conversando, inclusive, é uma coisa que ainda pode acontecer. Ela tem uma visão de cinema linda, poética, e teria muito desejo de estar com ela em projetos mais longos.

“Bacurau” foi gravado em 2018 e lançado em 2019, antecipando, de maneira alegórica, muito do que aconteceu nos anos que seguiram, com o aumento da polarização política e de várias formas de intolerância. Qual leitura você faz do filme hoje? 

Isso é muito interessante. “Bacurau” foi escrito antes de “Aquarius”, tinha sido escrito dez anos antes de ser lançado. Demorou muito para sair, mas saiu no tempo preciso. O curioso de “Bacurau” é que, quando chegou o roteiro, era para ser muito mais distópico do que foi, porque a realidade foi ganhando um nível de absurdo tão grande que quando o filme foi lançado já não se tratava de uma distopia, parecia mais um retrato do que a gente estava vivendo. Isso foi um dos fatos bem assustadores no processo. Eu revi Bacurau há pouco tempo e acho que o filme envelheceu bem, é um filme que ainda é muito atual em vários sentidos. 

Como foi trabalhar com Sérgio Ricardo, figura que marcou o cinema brasileiro e, de certa forma, reforça as referências a Glauber Rocha em “Bacurau”? 

É incrível a presença de Sérgio Ricardo no filme, pois a música ficou no imaginário de todo mundo que viu “Bacurau”. Hoje, quando me lembro do filme, me lembro muito dessa música (“Bichos da Noite”). É impressionante como o Sérgio Ricardo de fato, através da voz, conseguiu dentro dos filmes ser essa figura emblemática. É quase uma marca do filme a voz dele, tanto em “Bacurau” quanto em “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Eu fico impressionada, pois é um músico que eu admiro demais. Já curtia muito e quando vi o filme pela primeira vez essa questão musical foi arrebatadora. Tanto “Bichos da Noite” quanto “Réquiem para Matraga”, do Geraldo Vandré, que tocaram quando a gente estava no tapete vermelho em Cannes… Quando eu vi a música no filme eu pensei “caramba, como uma música pode ter tanto a ver com a história?”. Nos filmes do Kleber (Mendonça Filho), em geral, as músicas têm um relevo muito grande na história e em “Bacurau” é incrível o papel de personagem que elas têm. 

Quais atrizes do cinema nacional e internacional são inspiração para você? 

Várias! A Gena Howlands é uma atriz que, para mim, é um marco do cinema. Acho incrível a forma com que ela atua, a liberdade que ela tem em cena, a profundidade a que ela chega, a sensibilidade na construção das mulheres. O que a Gena faz é de uma humanidade impressionante e que sempre me emociona muito. É de uma força e de uma fragilidade incríveis! A Yara de Novaes é outra atriz que é inspiração para mim, já acompanho a Yara há muito tempo. Ela fez ‘Malu’ (Pedro Freire, 2024) e estou muito feliz que o trabalho dela está ganhando repercussão maior, pois eu a acho muito incrível. Uma atriz de repertório imenso e que vem do teatro, o que dá um outro arcabouço ao ator. Sou apaixonada também pelo trabalho da Kate Winslet, ela tem uma boa curadoria de projetos. Ela é muito precisa, linda e simples no que faz. Amo também a Emma Thompson, ela tem uma coisa de humor e tragédia juntos… Mas voltemos às atrizes nacionais: sou apaixonada pela Greice Passô e Fernanda Vianna, do Galpão, duas atrizes mineiras imensas do cinema e do teatro.  

Além do Teatro, você tem formação em Direito. Acredita que ter estudado Direito impacta na escolha dos seus papéis? 

Não acho que impacta na escolha de papel, mas sim na pessoa que sou hoje, pois me deu muitas outras ferramentas para viver a carreira artística. O Direito me deu uma coisa da expressão, da coerência, da clareza na fala, da organização do pensamento que, para mim, como atriz e comunicadora, é algo imprescindível. O trabalho como atriz não se restringe a estar nos sets, a gente tem um papel grande quando dá entrevistas, oficinas, workshops, quando fala dos nossos filmes…É muito importante ter a ferramenta da linguagem a nosso favor e o Direito com certeza me deu uma estrutura, coerência e organização lógica de raciocínio que me ajuda demais. 

Você tem um histórico de personagens sempre politizados e combativos. Você também deseja atuar em comédias, em filmes mais “leves”?

Desejo demais, e que fique aqui registrado nessa entrevista! (risos). Depois que eu tive filho, eu entrei em um período mais amoroso, mais leve de alguma maneira, e isso tem refletido nas minhas escolhas. Eu tenho falado muito sobre isso, sobre fazer trabalhos mais leves, que eu não tenha que sofrer (risos). Acho um prazer e a comédia não é para qualquer um. Tenho muito respeito pela comédia, é um terreno em que piso de mansinho, pois acho que são poucos os atores que realmente conseguem fazer bem. Mas com certeza acho que poderia estar em trabalhos mais leves, faz muito bem para o ator e é muito gostoso para o público também. Quero muito fazer agora alguma história infantil. Agora com Karim, meu filho pequenininho (2 anos), fico pensando como seria muito legal que ele me visse nos filmes, pois hoje ele não pode ver nenhum!

Texto: Maíra Piccin


Créditos ‘Curta Vídeo’ e ‘TV é Cinema’
Apresentação: Bárbara Colen
Diretor artístico: Roberto Burura
Pesquisa, produção e assistência de direção ‘Curta Vídeo’: Marcia Gáudio 
Pesquisa, curadoria e edição “TV é Cinema”: Gustavo Guilherme da Conceição
Produção: Marcelo Gomes
Direção de fotografia: Alberto Pires Leite 
Cinegrafista: Maycon Amaral Costa
Técnico de som: Marcus Vinicius de Sousa
Edição e finalização: Iza Rosemberg 
Intérprete de libras: Josué Rego da Silva
Gerente operacional: Rafael Nitz 
Gerente de TV: Thais Aguirre 
Coordenação de criação e pós-produção: Breno Saade 
Motion graphics/finalização: Fernando Caliari e Natália Manarte 
Designers: Bruna Kort e Raísa Haig 
Social media: Amanda Louzada e Larissa Javarini 
Videomaker: Julia Uliana  
Coordenação mídias digitais: Alana Paganucci  
Gerente de mídias digitais: Raquel Rocha 
Gerente de Tecnologia: Helânio Serafim Rosa
Assessoria de imprensa: Juliana Esteves e Maíra Piccin
Diretor operacional e de Engenharia: João Soprani 
Diretora administrativa e financeira: Goretti Scárdua
Diretora de Marketing: Alessandra Toledo 
Diretor de conteúdo e programação: Hugo Reis
Diretor-geral: Igor Pontini

 

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